segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Meu amor não é confiável

Após a tempestade, o vento sopra manso, plantando uma certeza que julguei nunca ser capaz de sentir. Agora quem duvida é você. Terei de me acostumar à fome de tudo o que nunca viverei ao seu lado, com a sede desse sentimento recém manifesto, condenado ao exílio sem a chance de ser compartilhado, perdido em algum lugar do futuro que um dia será dito passado. Num lugar reservado aos momentos não vividos e sonhos não realizados, desejos frustrados, anseios banidos, amores fracassados. Um dia veremos com clareza, cada um com sua versão consolidada do nada que nos tornamos, do silêncio ensurdecedor que nos unirá pela eternidade, porque não trocaremos essa brisa cálida pelo risco de um novo furacão. Melhor uma cicatriz que outra ferida exposta. Meu amor não é confiável. Não... Não... Não é confiável, querido. Siga sua nova vida segura. O que tenho pra nós é avassalador demais, é intenso demais, é uma entrega sem limites, é algo que você não ousará repetir por mim. Meu amor não é confiável, e eu entendo sua prudência. Não quero te machucar nem meia vez mais. Nesse campo incerto e fluido do amor não há garantias, meu bem. Há vontade, há ardor, há coragem, há certeza do que habita este coração. Mas garantia é atributo que mora pra lá do vale da razão, a mesma que me afasta de você. E assim, vamos deixando a paz criar raiz entre nós. Vamos mantendo como está. Foi uma conquista árdua, não vamos perdê-la de vista. Ela ameniza nossos rancores e conserva nossa sanidade, nos permite conviver com uma verdade que já não dói. Até porque, já houve dor o bastante para uma existência. Muitas mais nos esperam, e eu serei capaz de guardar calado todo o amor que ainda tenho pra te dar. Agora é minha vez de esperar, enquanto você respira de mim... aliviado.