domingo, 8 de setembro de 2013

Grafite

A gente fica se admirando
Eu te conduzindo
Você desenhando
Palavras que meu pensamento
Em desalinho e desalento
Mal acabaram de lapidar

E é numa preguiça gostosa
Que a gente se deixa ficar
Dedos entrelaçados ao seu redor
Ditando o ritmo que eu preciso
Pra deixar riscos concisos
Traços precisos, olhos perplexos

Você exprime meu reflexo com maestria
Antes nada se via
De repente, me encontro refém
Tenho minh'alma derramada
Traduzida, esculpida, impressa
Em folha pautada

Perco a noção do tempo
Te anoiteço e logo é dia
Eu queria sempre assim
Você me traduzindo
Enquanto me seduz
Despindo meus medos
Expondo meus segredos

Sempre ao meu alcance
Ainda que eu te use
Sempre disponível
Ainda que eu abuse
E te consuma por inteiro
Você não foi o primeiro
Mas te possuo como se fosse o último