sexta-feira, 3 de junho de 2016

OKÊ ARÔ!

Feito cinzas de cigarro
Seu corpo na janela
Antes era aquarela
Agora tons de amarelo
No canto da boca
Quiçá algo de vermelho
A cada céu sem lua
Ou quando, louca e nua,
A agulha lhe abandona o veio

Estirada sobre a neve
Sob um sol nublado
Meio cheia, meio vazia
Densa, líquida e fria
Olhar mareado, sorriso em pó
Entre amigos e dentes
Cerrados e serpentes
Desliza noite adentro
Numa carreira só

Corre, Poliana
Gira a sua pomba
Brinca seus erês
Dança sua cigana

Aceita meu convite, menina triste
Vem ter comigo na cachoeira
Pisar o verde, comer o grão
Contemplar o azul da imensidão
Rodar a saia, trepar em árvore, pular fogueira
Comer fruta vermelha e ver por-do-sol
Você é feita fogo e liberdade
Vem matar saudade
Sob o céu do meu lençol