domingo, 18 de dezembro de 2011

Uma dessas coisas improváveis...

Hoje eu tive um encontro tão inesperado, místico e surpreendente, que ainda estou aturdida. Ela era tão loira e tão linda! Ela continua loira (um pouco menos) e, apesar dos cabelos agora muito curtos, igualmente linda. Mas o que lhe aconteceu não é o que esperamos que aconteça a uma jovem tão loira e tão linda (e inteligente, sociável e bem sucedida profissionalmente)... ela decidiu ser freira. Freira! Não estou dizendo que garotas assim não devessem optar pela vida religiosa, mas é estranho quando a garota é sua amiga. Não que fôssemos exatamente amigas. Na verdade éramos conhecidas, colegas, mas nos víamos quase todos os dias num período da minha vida em que tudo era muito mais intenso, quando eu conhecia uma pessoa e, se a admirasse instantaneamente, já a considerava minha amiga (talvez, e provavelmente, a recíproca nem tenha sido verdadeira à época). Eu tinha dezoito. Ela, um pouco mais. A gente saiu juntas algumas vezes, viajamos juntas, cantamos juntas e demos boas e uníssonas risadas. Ela não parecia uma candidata nata a freira. Da última vez que a vi, há três anos atrás, num show de rock, num pub, apesar de seu sorriso lindo de sempre estampado no rosto, naquela noite eu sabia que ela estava triste. Hoje ela me pareceu feliz. Posso não estar certa, mas ela me pareceu amadurecida, serena... alimentada de respostas cujas perguntas me revolvem o estômago há muito tempo. Enfim, ela escolheu um caminho novo, totalmente diferente de tudo o que eu (ou mesmo ela) poderia imaginar, e largou tudo o mais. Falamos sobre isso. Falamos também sobre fé, sobre ser fiel às próprias convicções, sobre espiritualidade, sobre a vida, enquanto eu trançava os cabelos de suas irmãs na varanda. Foi rápido, mas carregado de significado. Por alguma razão, eu não queria ir embora. Não queria passar mais tanto tempo sem vê-la ou sem falar com ela. Após o que me pareceu umas duas horas, eu disse "tchau" e fui embora. Uma de suas irmãs me perguntou se eu ia ficar. Por uma fração de segundo eu quis dizer "sim! vou ficar até o natal... vou ficar pra sempre!", e então eu disse "não posso, tenho médico amanhã".

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