Não sei se terei filhos, mas se um dia eu tiver, amá-los-ei pelo que são, não pelos bens materiais que conseguirem acumular. Ensinarei a serem gentis, simples, amáveis, humanos, a respeitarem seus semelhantes e cada ser que habita este planeta, a respeitar a si próprios, seus talentos, seu tempo, seu corpo, seu espírito. E se eles aprenderem, sentirei um orgulho imenso, independente do saldo de suas contas bancárias, independente de onde escolham viver e ao lado de quem desejem estar. Direi que sucesso é ter a consciência em paz, o coração tranquilo, é ter bons amigos, fazer o que ama, viver o que acredita. Não os admirarei por serem melhores que os outros, mas por serem o melhor que possam ser. Direi que são únicos, mas que são parte do todo, e como tal responsáveis pelo equilíbrio do universo. Que suas pernas os levarão aonde quiserem, mas que sempre terão um lugar de amor pra onde voltar; que o melhor caminho é o que desenham sob seus pés enquanto escutam seus corações. Eles saberão que não há vergonha alguma em pedir, que não há limite para doar, que tudo o que vai acaba voltando, que a gente colhe o que planta, que humildade não é fraqueza, que a fé constrói, a ambição destrói, o apego aprisiona, mas o amor liberta. Eles nunca estarão em desamparo enquanto meu coração bater, ou mesmo quando eu deixar de respirar...
quinta-feira, 10 de julho de 2014
segunda-feira, 7 de julho de 2014
Más allá del extremo sur
Em cinco dias nos apaixonamos, nos casamos e rodamos
o mundo numa quatro por quatro. Fizemos uma filha, reformamos o barraco. Voamos
de ultraleve, asa-delta, velejamos os sete mares. Plantamos bananeiras no
quintal, pescamos alguns bagres pra fritar com camarão. Fundamos um albergue em cada região. Cultivamos nossa pequena horta, porque com
amor a salada cresce mais gostosa. Sem um minuto a sós, lavamos a roupa suja e
o mofo dos lençóis. Acendemos incensos, porque perfuma a casa, e a alma, porque
acalma. Pedalamos a cidade inteira, e fomos dar na praia a comer pastéis. Escrevemos um livro junto à vela vermelha na bancada. Fizemos de tudo,
não demos em nada. Nos dispensamos sem palavra. Eu diria que isso faz chorar, e
é capaz de perturbar mente sã. Sorte a nossa que somos loucos, filhos de Iansã
colorindo o entardecer, ainda que o rabo de galo ameace chover. Em cinco
dias não realizamos sonhos, expusemos a realidade. E quando tudo veio às claras, você já não escutava. Eu dizia sim. Ou será que eu calava? Cinco anos em cinco dias, tudo
isso e nada mais. Risquei todos os cincos do meu calendário, e
todos os pares. Não gosto mais de número par. Agora conto dia sim dia não, até
que não precise mais contar.
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