segunda-feira, 7 de julho de 2014

Más allá del extremo sur

Em cinco dias nos apaixonamos, nos casamos e rodamos o mundo numa quatro por quatro. Fizemos uma filha, reformamos o barraco. Voamos de ultraleve, asa-delta, velejamos os sete mares. Plantamos bananeiras no quintal, pescamos alguns bagres pra fritar com camarão. Fundamos um albergue em cada região. Cultivamos nossa pequena horta, porque com amor a salada cresce mais gostosa. Sem um minuto a sós, lavamos a roupa suja e o mofo dos lençóis. Acendemos incensos, porque perfuma a casa, e a alma, porque acalma. Pedalamos a cidade inteira, e fomos dar na praia a comer pastéis. Escrevemos um livro junto à vela vermelha na bancada. Fizemos de tudo, não demos em nada. Nos dispensamos sem palavra. Eu diria que isso faz chorar, e é capaz de perturbar mente sã. Sorte a nossa que somos loucos, filhos de Iansã colorindo o entardecer, ainda que o rabo de galo ameace chover. Em cinco dias não realizamos sonhos, expusemos a realidade. E quando tudo veio às claras, você já não escutava. Eu dizia sim. Ou será que eu calava? Cinco anos em cinco dias, tudo isso e nada mais. Risquei todos os cincos do meu calendário, e todos os pares. Não gosto mais de número par. Agora conto dia sim dia não, até que não precise mais contar.

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