Em cinco dias nos apaixonamos, nos casamos e rodamos
o mundo numa quatro por quatro. Fizemos uma filha, reformamos o barraco. Voamos
de ultraleve, asa-delta, velejamos os sete mares. Plantamos bananeiras no
quintal, pescamos alguns bagres pra fritar com camarão. Fundamos um albergue em cada região. Cultivamos nossa pequena horta, porque com
amor a salada cresce mais gostosa. Sem um minuto a sós, lavamos a roupa suja e
o mofo dos lençóis. Acendemos incensos, porque perfuma a casa, e a alma, porque
acalma. Pedalamos a cidade inteira, e fomos dar na praia a comer pastéis. Escrevemos um livro junto à vela vermelha na bancada. Fizemos de tudo,
não demos em nada. Nos dispensamos sem palavra. Eu diria que isso faz chorar, e
é capaz de perturbar mente sã. Sorte a nossa que somos loucos, filhos de Iansã
colorindo o entardecer, ainda que o rabo de galo ameace chover. Em cinco
dias não realizamos sonhos, expusemos a realidade. E quando tudo veio às claras, você já não escutava. Eu dizia sim. Ou será que eu calava? Cinco anos em cinco dias, tudo
isso e nada mais. Risquei todos os cincos do meu calendário, e
todos os pares. Não gosto mais de número par. Agora conto dia sim dia não, até
que não precise mais contar.
que bonito! <3
ResponderExcluirÉ a vida acontecendo, Marcelo... :)
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