terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Vertigem

De repente você acorda e sente que está em queda livre. Não sabe em que momento se jogou, ou foi empurrada. Quando foi que eu decidi soltar as mãos e abandonei o medo de me machucar novamente? E se lá embaixo só houver mesmo o chão? Duro e frio... E se eu estiver apenas dançando alguns compassos solitários num salão vazio? Às vezes me sinto mera figurante nesse seu roteiro imprevisível, sem me importar com a trama, contanto que eu esteja ao seu lado. Não importa se o papel que me confia é secundário, eu apenas obedeço, e deixo que a emoção se aproprie de mim como o fogo que consome em brasas tudo por onde passa, como as chamas que lambem nossos corpos emaranhados. É quando eu finalmente protagonizo, e dirijo, alternadamente. É tanta verdade que transborda dos seus olhos enquanto me beija com a boca cheia de mentiras! Como eu poderia duvidar, ou sentir medo? Como eu posso recuar um passo sequer enquanto você me olha de tão perto, inflando meu espírito de coragem? Eu só consigo mergulhar cada vez mais fundo, mais entregue, mais exposta, mais suscetível ao prazer ou à dor, ao que nos estiver reservado, enfim. E se o chão nunca chegar? Às vezes temo ficar assim, suspensa, num mergulho vertical infinito, pressentindo o impacto sem nunca ser embalada em seus braços ou receber um desfecho fatal. Chegar ao fundo, partida em mil pedaços, talvez seja a libertação que minh’alma espera, enquanto minha mão procura desesperadamente pela sua.

2 comentários:

  1. Vertigem, levitação?! Flutuar ébrios em sonhos?!
    Um ou outro, outrora não nos impede de protagonizar! SEMPRE!

    Bom texto Bia!!!!

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    1. Sim, tem razão, nada nos impede além de nós mesmos... Que tomemos as rédeas, então, e façamos o que precisa ser feito. Beijão, Marconi! Obrigada pela visita! :)

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