quarta-feira, 17 de abril de 2013

Entre um gole e outro

Ele reservou carinho em fôrmas de gelo pra servir com bebida morna entre um gole e outro de saudade. Encheu a boca de promessas que não pretendia cumprir.  Ana refletiu por um instante, sentada no sofá desbotado. Selecionou o repertório que embalaria seu sono, enquanto sentia o frescor do vinho recém-aberto e o sabor do último trago mentolado. Havia uma lascívia constrita em seu íntimo, e um certo desconforto. Meio vivo, meio morto, guardava Lúcio em seu coração, nutrido pelo brio disperso de um passado dito promissor. Ensaiava um riso que lhe conservasse o viço, apesar dos olhos nublados. Flertava com pequenos prazeres, ainda que fugazes... Pensou no que lhe contaram sobre o amor... Achou graça. E adormeceu suas lembranças sobre uma almofada.  

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