quarta-feira, 15 de maio de 2013

Enrolado numa fita

É olhar para o céu e tudo parece bem. É uma cor que impressiona os olhos e acalma o coração. É um fim de tarde típico, uma espera. E é nos desenhos pichados no infinito, cor-de-algodão-doce, que descanso o olhar até que a luz se esvaia por completo e a escuridão se aconchegue no colo da noite. É o cenário do meu jogo sádico, porque algo tem que ser bonito aqui dentro. É o que absorvo de leve e imprimo de limpo em meio à escória do extrato de tudo o que sinto. Como pode ser tão bom, e tão sujo? Encerrado numa caixa de papel pardo, enrolado numa fita cujo nó não pode ser desatado... Tão corrosivo! Deixei meu juízo no entardecer, distraído. Ele me contou que era amarelo o poente, escorrendo doce entre a explosão de cores que envolve o meu presente. Porque o passado não cabe mais em mim e o futuro não me pertence. O que quer que eu faça, aonde quer que eu vá, me engole, me abraça, e me engole, e me abraça! Eu pedindo baixinho: me desfaça, me repete, me amanheça, me liberte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário